Primeira comentarista mulher de Rainbow Six Siege no mundo

Publicada: 06/11/2019 - 11:17


Caster fará parte de equipe oficial de transmissão de partidas profissionais de R6; estreia acontecerá nas finais mundiais da Pro League em Tokoname, no Japão
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Foto: Divulgação

Os esports ganharão uma nova voz a partir deste mês. A caster Victória de Sá e Santos Rodrigues é a mais nova comentarista nas transmissões oficiais de Rainbow Six Siege, jogo de ação e estratégia da Ubisoft. Ela é a primeira mulher a exercer a função no cenário competitivo da modalidade e fará a sua estreia nos dias 9 e 10 de novembro nas finais mundiais da Pro League.

Viic, como é conhecida pela comunidade de Rainbow Six Siege, se juntará ao time formado por André “Meligeni”, Otávio “Retalha” e Ricardo “qeP” na cobertura do torneio disputado em Tokoname, no Japão, que vai reunir as melhores equipes do cenário profissional no mundo. Entre elas, duas brasileiras: Ninjas in Pyjamas e FaZe Clan.

Natural de Santos-SP, a comentarista de 24 anos é jornalista por formação e figura conhecida entre o público que acompanha ativamente o cenário. A sua carreira como comentarista começou em 2017, quando recebeu o seu primeiro convite para participar de uma transmissão de Rainbow Six Siege.

“Eu já cobria campeonatos de R6 em um portal e fui convidada para participar da primeira Superliga Feminina de Rainbow Six. Inicialmente, fui trabalhar no staff. No entanto, a organização havia fechado com duas casters que desistiram uma semana antes. Foi aí que me chamaram para ser comentarista por saberem que eu entendia do jogo. A ideia era que eu participasse apenas das primeiras rodadas, mas acabei ficando o torneio inteiro. Depois disso, a minha ficha caiu e percebi que poderia transformar a minha paixão em profissão”, conta.

O contato com os jogos eletrônicos, no entanto, se deu bem mais cedo. Desde a infância, Viic alimenta o amor por videogames, que a fez se interessar pelos esports. Ela diz que conheceu o Rainbow Six Siege por meio de dois amigos que compraram o título da Ubisoft e rapidamente ficaram vidrados.

“O R6 tem esse poder sobre nós”, brinca. “Eles incentivaram a mim e outro amigo a comprarmos. Jogamos juntos e até hoje temos o nosso clã”, completa.

Enquanto usava o tempo livre para se dedicar à carreira de caster, Viic trabalhou como analista de comunicação, sempre com os pés no chão: “Os esports para mim eram um sonho. Eu falava que levaria meus dois empregos até o momento em que teria que abdicar dos esportes eletrônicos ou então viver deles. E foi exatamente isso que aconteceu graças ao convite da Ubisoft”.

Como comentarista de Rainbow Six Siege, ela já participou da transmissão de diversos torneios menores como a Série B do Brasileirão, qualificatórias para Major e Minor. Viic diz que não acreditou quando recebeu a proposta para integrar a equipe principal.

“Fiquei sem reação. Não achava que entraria tão rapidamente na equipe oficial. Demorou muito para a ficha cair, porque as coisas aconteceram de uma forma muito natural e rápida. Fui chamada para comentar diversos campeonatos e não parei para pensar na repercussão disso tudo. O convite me mostrou que de fato estavam observando o meu trabalho. Foi um sentimento de que meu sonho foi realizado”, resume Victória.

O fato de ser a primeira comentarista do cenário competitivo no mundo não tem grande impacto sobre ela. Porém, Viic espera poder abrir portas para novas profissionais no ramo: “Fico feliz de representar as mulheres nesta área, pois é um espaço que estamos galgando. Não ligo de ser a primeira, mas não quero ser a única”.

“Temos que parar de definir um bom profissional pelo gênero e sim pela competência. É muito importante termos mulheres buscando esse espaço para nos acostumarmos cada vez mais. Neste ponto, o suporte dado pela Ubisoft Brasil é sensacional. As etapas do Circuito Feminino estão aí cada vez mais frequentes e é importantíssimo para mostrar o talento destas jogadoras”, analisa. “Sei que é difícil e, ainda mais sendo mulher, passamos por muitas coisas. Até hoje ainda sofro a rejeição de algumas pessoas, mas tenho consciência de que é impossível agradar a todos”, completa.

Viic afirma que o caminho para quem quer seguir a carreira nos esports não é fácil. Para ela, é preciso investir corpo e alma e saber que será preciso abdicar de muitas coisas para atingir seu objetivo. Enquanto trabalhava como analista e usava o tempo extra para comentar jogos de Rainbow Six Siege, ela deixou de ficar com a família e com os amigos e “esqueceu” o cansaço físico e mental.

“A melhor dica que posso dar é: não desista. Passei por um momento em que diversas coisas aconteceram na minha vida e até pensei em parar e focar no que era ‘palpável’. Mas, por algo do destino, aceitei comentar um campeonato e aquele torneio abriu portas para tudo que aconteceu na minha carreira nos esports. Sempre foi o meu sonho e fui atrás dele. Estou feliz que consegui”, comemora.

Agora, a caster da Baixada Santista se prepara para a estreia nas finais mundiais da Rainbow Six Pro League, um dos torneios mais importantes da modalidade. Além do preparo vocal e das sessões com sua fonoaudióloga, Viic está estudando os times que se classificaram e assistindo a diversos jogos: “Ainda não sei muito bem o que esperar, mas vou me esforçar para que gostem do meu trabalho. Já tenho o feedback de campeonatos menores, mas agora que estarei oficialmente no time acho que as coisas mudam de figura”.

Para o próximo ano, Viic quer se profissionalizar ainda mais: “Quero começar um curso de locução, melhorar a minha voz e ter mais tempo para estudar e me dedicar exclusivamente ao jogo. Devo tudo isso à Ubisoft e ao público”.

Informações sobre o cenário profissional de Rainbow Six

O Rainbow Six: Siege é um game de tiro em primeira pessoa, categoria chamada de FPS (first person shooter), em que os jogadores assumem o papel de um dos membros de uma unidade contra-terrorista. Lançado pela Ubisoft em 2015, o título foi criado para ser disputado em equipe e de forma competitiva. O game mistura tática, dinamismo e personagens com características únicas.

Hoje, a modalidade é considerada a que mais cresce no país e é um fenômeno midiático. São mais de 2,5 milhões de jogadores só no Brasil. No mundo, 45 milhões.

Cada jogador é um personagem diferente, com habilidades e gadgets (acessórios) distintos. A partida consiste em duas equipes de cinco jogadores: uma delas irá atacar (para isso, conta com operadores de ataque específicos) e a outra defender (com agentes de defesa).

Desde 2016, o jogo possui um cenário competitivo com torneios, equipes e jogadores profissionais. No Brasil, o Brasileirão Rainbow Six é o principal campeonato da modalidade e já está consolidado no calendário de esportes eletrônicos do país. Na última edição, o torneio ganhou um novo formato e passou a ter dez meses de duração, com 28 semanas na fase de pontos corridos disputados em São Paulo, além dos playoffs.

As finais da competição foram disputadas na Game XP, maior evento gamer do Brasil. Com um ótimo público na Oi Game Arena, localizada no Parque Olímpico do Rio de Janeiro, a Team Liquid venceu a FaZe Clan em uma partida de mais de cinco horas de duração e levou o título.

As principais competições de Rainbow Six: Siege, como o Brasileirão de R6, a Pro League (torneio com etapas regional e global) e o Six Invitational (uma espécie de Copa do Mundo) são mistas e não há campeonatos só para homens. No entanto, um circuito para mulheres foi criado no Brasil pela empresa dona do jogo, em 2018, com o intuito de atrair mais jogadoras.

No calendário internacional, o próximo grande torneio acontecerá em Tokoname, no Japão. Nos dias 9 e 10 de novembro, as oito melhores equipes do mundo vão se enfrentar pelo título da Pro League (um dos torneios mais importantes do cenário). Entre elas, duas brasileiras: FaZe Clan e Ninjas in Pyjamas.

No cenário mundial, o Brasil é uma das maiores potencias do Rainbow Six e tem grande representatividade. O país já sediou duas edições das finais mundiais da Pro League. A primeira em 2017, em São Paulo, quando a Black Dragons chegou na decisão, mas perdeu para os europeus da ENCE. No ano passado, no Parque Olímpico do Rio de Janeiro, o Rainbow Six lotou a Jeunesse Arena em dois dias de competições nas finais da oitava temporada. Na ocasião, os brasileiros da FaZe Clan ficaram com o vice-campeonato.

No Six Invitational 2019, campeonato mais importante de Rainbow Six, disputado em Montreal, no Canadá. O país teve a maior audiência global durante a competição. No total, o campeonato organizado pela Ubisoft ultrapassou 22 milhões de visualizações no mundo, sendo que os brasileiros representaram 30% desta audiência. Foram mais de 6 milhões de visualizações e 2 milhões de horas assistidas somente na transmissão em português do Brasil.

O auge do país esportivamente foi o título mundial da Pro League conquistado pela equipe brasileira da Team Liquid, em maio de 2018. Em Atlantic City, nos Estados Unidos, o time venceu a favorita PENTA e levantou o troféu inédito para o país.

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