Ex-lutador relembra glórias do passado e celebra atual momento como treinador; veja
Por: Redação
Publicada: 25/09/2019 - 14:19
Atualmente com 46 anos, Francisco Bueno pode dizer que grande parte de sua vida foi dedicada ao mundo da luta. Em 1997, iniciou sua carreira ainda no Vale-Tudo e, pouco depois, no MMA, contabilizando passagens pelo IVC, Pride, WVC, Meca e Cage Wars, sendo campeão em algumas dessas franquias e conquistando vitórias importantes diante de nomes imponentes da época.
O período como lutador chegou ao fim e “Chicão” resolveu, então, concentrar seus esforços e experiência no mundo da luta para se dedicar como treinador. Atualmente, o carioca é responsável pelo desenvolvimento de alguns atletas, entre eles o promissor Carlos Tizil, atleta que recentemente foi contratado pelo evento americano LFA, uma das principais organizações de MMA atualmente.
“Hoje, tenho um atleta em especial, o Carlos Tizil, que tudo que eu tenho de bagagem, está depositado na conta dele (risos). A gente trabalha muito na consciência, na emoção, no sistema nervoso central, resposta, na parte física e, obviamente técnica. Foi uma transição muito boa, natural, porque eu já venho com isso. Hoje, eu olho para ele (Tizil), e tudo o que eu vi e vivi, eu vou colocando nele, para construir um atleta perfeito”, conta Chicão.
Confira a entrevista completa com Chicão Bueno:
-Trajetória como lutador
Minha carreira começou em 1997, quando fui para os EUA, disputando alguns torneios de Vale-Tudo, até mesmo em academias fechadas, garagens, muita coisa do tipo. Depois lutei o IVC, com o Jason Godsey, campeão do Pancrase, no Japão, era vencedor do Japão, e venci por nocaute. Lutei depois o Pride 5, nocauteando o Satoshi Honma, que era campeão do K-1 e uma promessa japonesa na época. Depois lutei no Meca, onde derrotei um wrestler americano, lutei o WVC pelo cinturão, sendo campeão no peso-pesado, ganhei também o título do Cage Warriors na Inglaterra, um momento muito especial. Depois, fiz uma transição para o Boxe profissional, onde ganhei todas as lutas. No entanto, tudo isso traçando minha trajetória sozinho. Apesar de ser um garoto na época, eu que fazia tudo… Corria atrás das lutas, dos treinos, não tinha a assessoria que existe hoje.
-Considera que poderia ter alcançado um nível ainda melhor na época?
Eu poderia, sim, ter alcançado um nível maior e melhor se tivesse o acompanhamento de um head coach, mas eu chamo isso de consciência. Hoje, acho que o corpo emocional é até mais importante que o corpo físico. Você estando bem emocionalmente, você é imbatível. Certamente, eu teria um nível ainda maior tendo uma equipe, um staff, com o head coach certo, porque infelizmente, no mundo do MMA, ainda existe uma briga de ‘egos’. É uma coisa que quase ninguém fala, mas é uma grande briga de egos entre treinadores. Obviamente, cada um quer mostrar e provar seu trabalho, então cada um puxa para o seu lado, e às vezes esquece um pouco do atleta, tentando ler e entender o atleta, física e mentalmente.
-Diferença do MMA na época para os dias atuais
Eu vivi o começo do MMA, ainda não era propriamente o MMA, era ainda o Vale-Tudo. Era muito diferente. O profissionalismo vem crescendo muito, atingiu alguns patamares maiores de patrocínio, PPV. Está em crescimento constante hoje eu vejo que, realmente, é um esporte. Na minha época, era chamado de luta para baixo (risos).
–Como foi a transição para você se tornar treinador?
A transição para treinador aconteceu muito cedo. Desde muito novo, eu já dava aula na Nova União inclusive, de faixa azul, puxando treino. Sempre tive essa pegada de liderança, fui para os EUA novo, abri minhas academias lá, tive bastante sucesso e fui pegando muita bagagem. Hoje, tenho um atleta em especial, o Carlos Tizil, que tudo que eu tenho de bagagem, está depositado na conta dele (risos). A gente trabalha muito na consciência, na emoção, no sistema nervoso central, resposta, na parte física e, obviamente técnica. Foi uma transição muito boa, natural, porque eu já venho com isso. Hoje, eu olho para ele (Tizil), e tudo o que eu vi e vivi, eu vou colocando nele, para construir um atleta perfeito. Posso falar que ele está num rumo muito bom, estamos fazendo um trabalho espetacular e, em breve, vocês vão ver o resultado.
-Como você avalia o MMA no Brasil em relação a outros países?
Os americanos e os russos começam muito cedo no esporte, já têm uma condução, direção e disciplina, é incrível como realmente eles estão à frente nas ‘categorias de base’, e eu acho isso fundamental para o desenvolvimento do atleta. Começou a ficar um pouco difícil para o Brasil, realmente. Eles têm um outro tratamento com o atleta e com o esporte. O Brasil tem muito talento, mas é igual no futebol, o talento apenas não serve. Muitos atletas estão saindo do Brasil, se instalando nos EUA, na Europa, buscando um treinamento mais focado e tentando compensar a falta da base. Mas eu acredito muito no esporte praticado no Brasil, sou brasileiro. O Brasil sempre será o primeiro, mas realmente, no momento, precisa correr muito atrás.