Faixa-preta cearense fala sobre rotina nos EUA e conta detalhes sobre trajetória no Jiu-Jitsu

Publicada: 02/01/2019 - 16:53


Por Mateus Machado

Com uma família integralmente ligada ao Jiu-Jitsu, Guybson Sá deu seus primeiros passos na arte suave ainda criança. Seguindo os passos do seu pai, Francisco Sá, e seu irmão, Francisco “Sázinho”, o cearense se dedicou ao esporte e, ao longo de sua trajetória, colecionou diversos títulos e grandes vitórias, como os triunfos sobre Marcus Buchecha e Rodolfo Vieira, na época de faixa-marrom, além Hector Lombard, lutador do UFC e atleta de Cuba nos Jogos Olímpicos de 2000.

Atualmente morando nos Estados Unidos, Guybson atualmente compete como Master e é um dos responsáveis pela SAS Team, equipe coordenada por seu irmão.

“Eu treino todos os dias, de segunda a sábado, compito quase sempre. Desde 2004, estou com uma média de um campeonato por mês, então são 14 anos nessa batida. Antes eu treinava 6 horas por dia e agora, mesmo com a rotina de ter uma família, duas filhas pequenas, eu ainda encontro espaço para me dedicar ao máximo nos meus treinos e meu esporte. Mas 2018 foi muito produtivo, pois saí de uma lesão direto para ser o número 17 do ranking mundial. Fui vice-campeão mundial com e sem quimono na Califórnia e em Las Vegas. Além disso, temos a nossa equipe, a SAS Team, criada pelo meu irmão. É uma equipe que tem diversas academias espalhadas pelo país, no mundo todo, e eu ajudo muito a equipe nos campeonatos, e eu sou uma espécie de treinador principal, tenho muito orgulho disso’, disse o faixa-preta.

Confira a entrevista completa com Guybson Sá:

– Começo no Jiu-Jitsu

Meu primeiro contato com o Jiu-Jitsu foi inevitável. Meu pai era faixa-preta já, pioneiro do Jiu-Jitsu cearense, foi faixa-preta desde 1959, então eu nasci em 1988. Aos 4 anos, foi quando eu fiz minhas primeiras aulas de verdade, mas meu primeiro contato com o Jiu-Jitsu foi com 1 ou 2 anos de idade, por esse fato. Meu irmão também é faixa-preta desde 1985, hoje ele é faixa-coral. Meu pai faleceu em 2013 como faixa vermelha de Jiu-Jitsu, como Grande Mestre, então é um fato que eu tenho muito orgulho.

– Grandes momentos da carreira

Para mim, tiveram muitos momentos excelentes, mas os momentos mais importantes não foram só as conquistas, mas também voltar de alguma lesão, alguma decepção ou derrota, às vezes essas vitórias valem mais que qualquer outra coisa. O campeonato mundial de 2009, quando eu ganhei do Marcus Buchecha, que é o melhor da atualidade… O campeonato de 2007, em Teresópolis, e aqui nos Estados Unidos, a minha vitória sobre o Hector Lombard, que era um cara invicto, campeão olímpico de Judô, lutador do UFC, nunca tinha sido finalizado, e a expectativa era de que eu perdesse a luta, mas eu venci e foi muito importante para mim.

– Família tradicional na arte suave

Realmente, minha família tem uma trajetória incrível no Jiu-Jitsu, é algo que tenho muito orgulho. É o que chamamos de linhagem. Meu pai, Francisco Sá, começou a treinar Jiu-Jitsu nas Forças Armadas e treinou com um professor japonês, chamado Takeo Iano, por seis anos. Depois, meu pai começou a treinar com um dos faixas-preta dos Gracie, Nilo Veloso, e acabou recebendo a faixa-preta dele. O que levamos da linhagem, é porque nós temos uma linhagem fundida entre o Jiu-Jitsu japonês e o Jiu-Jitsu dos Gracie. Se você estudar bem o Jiu-Jitsu, vai ver que a linhagem é uma coisa muito importante.

– Decisão de partir para os Estados Unidos

Eu vim para os EUA em 2009. Eu tinha acabado de receber minha faixa-preta, fui campeão mundial pela segunda vez e tinha passado no vestibular, tinha a opção de seguir essa vida de competidor ou estudar, seguir uma carreira de professor no Brasil. Sempre tive essa vontade de conhecer os EUA, sempre gostei das coisas daqui. Então, quando eu vim, eu já sabia o que eu queria. Vim competir bastante, viajei por vários estados do país e entendi que o americano reconhece o atleta e tenta dar o máximo de suporte possível. No Brasil, muita gente quer ajudar, mas infelizmente, não tem condições. Um empresário, uma empresa quer te ajudar, mas são muitas barreiras que eles tem que passar para poder te ajudar. Aqui nos EUA é o contrário, você tem um incentivo e todo o suporte. Não posso dizer que é fácil, mas com certeza é o atleta é bem mais valorizado.

– Rotina nos EUA

“Eu treino todos os dias, de segunda a sábado, compito quase sempre. Desde 2004, estou com uma média de um campeonato por mês, então são 14 anos nessa batida. Antes eu treinava 6 horas por dia e agora, mesmo com a rotina de ter uma família, duas filhas pequenas, eu ainda encontro espaço para me dedicar ao máximo nos meus treinos e meu esporte. Mas 2018 foi muito produtivo, pois saí de uma lesão direto para ser o número 17 do ranking mundial. Fui vice-campeão mundial com e sem quimono na Califórnia e em Las Vegas. Além disso, temos a nossa equipe, a SAS Team, criada pelo meu irmão. É uma equipe que tem diversas academias espalhadas pelo país, no mundo todo, e eu ajudo muito a equipe nos campeonatos, e eu sou uma espécie de treinador principal, tenho muito orgulho disso.

– Americanos no Jiu-Jitsu

Eu acho que os americanos não só vão chegar nos brasileiros, mas vão ultrapassar, e eu não vou dizer infelizmente… Porque eu sou brasileiro, torço para os brasileiros, mas quando a arte marcial se globaliza, essa é a tendência. Isso vai ajudar o Jiu-Jitsu brasileiro a melhorar, vai incentivar ao brasileiro, a indústria do Jiu-Jitsu brasileiro a produzir mais. O brasileiro tem a raça, tem tudo que um lutador precisa, então eu acho que com o esporte sendo levado a sério, nós produziremos muitos campeões mundiais em relação aos americanos. A diferença é que os americanos levam isso muito a sério hoje em dia. Os americanos tem muito orgulho e os brasileiros tem muita raça. Se você tiver os dois, vai chegar muito longe.

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