Faixa-preta de Jiu-Jitsu, professor destrincha trabalho para descobrir novos talentos em Manaus

Publicada: 12/03/2021 - 8:53


Por Mateus Machado

Considerado um dos berços do Jiu-Jitsu no Brasil, Manaus, no Amazonas, revelou inúmeros atletas ao longo dos últimos anos, tanto na arte suave quanto no MMA, entre outros esportes de combate. É impressionante a quantidade de talentos manauaras que são “exportados” para o mundo da luta, no entanto, o trabalho para levar os jovens para competir nos grandes centros não é nada fácil.

Responsável pela equipe Anibal Jiu-Jitsu desde 1998, Fabio Anibal, faixa-preta 5º grau da arte suave, tem a missão de liderar a grandiosa equipe, que é filiada a IBJJF (International Brazilian Jiu-Jitsu Federation), possui academias espalhadas pelo Brasil e está presente em quatro países. Nos últimos anos, o projeto teve participação na formação de atletas como Antonio Braga Neto e Ketlen Vieira, que hoje fazem parte do plantel do UFC, entre outros lutadores que estão construindo uma carreira vitoriosa no Jiu-Jitsu, com títulos no cenário nacional e internacional da modalidade.

Com projetos cada vez mais ambiciosos visando trazer melhores condições aos seus atletas, Fabio Anibal conversou com o blog Faixa-Preta e, apesar de ressaltar a dificuldade em formar novos talentos no Brasil e trazê-los para competir em diferentes regiões, destacou o trabalho que vem sendo feito visando a expansão da sua equipe, com academias sendo desenvolvidas no Sul e Sudeste do país.

Fabio Anibal contou detalhes sobre trabalho desenvolvido com sua equipe em Manaus (Foto: Arquivo Pessoal)

Confira a entrevista completa com Fabio Anibal e conheça um pouco mais da história da equipe Anibal Jiu-Jitsu:

– Início da equipe e atletas de destaque formados no projeto

A equipe existe desde 1998 e esse trabalho foi crescendo ao longo dos anos, tanto na parte comercial quanto de projetos sociais, aos poucos, fomos tentando colaborar para a vida das pessoas através da luta. Ao longo desses anos, produzimos vários campeões mundiais, pan-americanos, brasileiros e atletas do UFC. Temos como exemplo o Braga Neto e a Ketlen Vieira, que hoje estão no UFC, e o Erick Índio Brabo, que lutou o TUF Brasil. Outros campeões do Jiu-Jitsu oriundos do nosso projeto são o Alex Muceda, o Felipe Anibal, meu filho, que é uma promessa da arte suave e campeão em diversas competições, assim como minha esposa Ana Paula, que está comigo nesse projeto.

– Como funciona o trabalho de formação com as crianças e jovens na equipe?

Temos os núcleos de formação, que são nove em Manaus. Esses núcleos, em sua maioria, são instalados em periferias e a gente começa a formação desse atleta com pilares sociais e morais, onde falamos sobre disciplina e merecimento, sobre ser uma pessoa de bem, e conforme vai treinando Jiu-Jitsu, vai aprendendo a ter virtudes e valores importantes no dia a dia. Muitas vezes eles não têm perspectivas e uma base familiar, e aí é no esporte que esses jovens encontram o melhor caminho. Eles são formados nesses núcleos, e à medida que eles evoluem, migram para nossa matriz, que é no Clube Municipal de Manaus, onde recebem acompanhamento médico, alimentar, suplementação. Eles se alimentam na academia, treinam de dois a três horários por dia e a gente começa a trabalhar periodização, uma parte física mais refinada, e a partir daí eles passam a entrar no alto rendimento, quando participam dos maiores eventos a nível nacional e internacional.

– Dificuldade em trazer os atletas para os ‘grandes centros’ e filiais inauguradas

A gente tem como problemática encontrar uma continuidade para o caminho profissional do lutador. É muito comum a gente ter crianças sensacionais, que sobem pro infanto, mas quando chegam no juvenil, vão para o distrito, para as fábricas, os comércios, vão seguir um caminho, que apesar de muito louvável,  não é voltado para o esporte, e quem perde é o esporte. É difícil ver isso, dói no coração, porque eu sei a força que o Jiu-Jitsu tem no mundo inteiro, e aí quando perco um aluno promissor, o esporte perde. Nosso problema é exportar essa produção, levar esses atletas para os grandes centros, e temos feito isso com o maior esforço. Tem atleta que saiu de Tabatinga, no interior do Amazonas, e hoje mora nos Estados Unidos. Vários outros estão no Sudeste… Temos filial em São Gonçalo (RJ), em Roraima, Rondônia, no interior de São Paulo, vamos implementar também uma academia em Curitiba esse mês, tudo isso para ficar geograficamente próximo dos principais eventos.

– Planos da equipe visando o ano de 2021

Nossos planos para 2021 são implementar mais academias, é o que estamos fazendo em Curitiba e no litoral do Paraná, em Matinhos. Estamos tentando voltar também para os EUA, torcendo para tudo voltar à normalidade, estamos planejando instalar uma base na Flórida, que é um grande centro do mundo da luta. A instalação de academias no Sudeste/Sul é importante visando os grandes eventos nacionais e tivemos um recente teste, onde vieram três atletas do projeto participar do AJP National Pro, em Curitiba, e desses três, dois foram campeões, o Felipe Anibal na faixa-marrom e o Vagner Gabriel, que foi campeão no pluma faixa-roxa. Estamos produzindo com qualidade campeões dentro e fora do tatame. Esse é o nosso lema.

– Jovens talentos da equipe

O Felipe Anibal, por exemplo, tem 21 anos, já foi campeão mundial na faixa-azul e tem feito grandes lutas. Foi medalha de prata no Sul-Americano disputado no Rio de Janeiro, agora foi campeão no National Pro de Curitiba e agora vai lutar em Brusque (SC), no South American, onde também temos outros três atletas inscritos. Assim como já revelamos muitos atletas vencedores, nossa ‘máquina’ continua ligada e vai formar muitos campeões. Vamos trabalhar diariamente para proporcionar um Jiu-Jitsu de qualidade para todos.

Recomendado para você


Comentários