Ídolo na Rússia, ex-UFC Hacran Dias sonha com cinturão do ACA

Publicada: 27/09/2023 - 11:49


Hacran Dias, à esquerda, e Cleverson Silva são algumas das estrelas presentes no ACA 164 – Bruno Ramôa

Ainda ofegante após uma sessão de sparring no Centro de Treinamento da Nova União, no Morro Azul, Zona Sul do Rio de Janeiro, o atleta Hacran Dias, de 39 anos, relembra algumas experiências dos quase 20 anos de carreira profissional e fala sobre a expectativa para o desafio do próximo dia 4, contra o russo Daud Shaikhaev, no ACA 164, em Grosny, na Rússia.

O evento será marcado pela disputa do cinturão dos pesos-leves, entre Abdul-Aziz Abdulvakhabov e Mukhamed Kokov, e a expectativa é que o vencedor do duelo entre Hacran e Daud seja o próximo desafiante ao título desta categoria.

“Desde que eu comecei a lutar na Rússia nunca peguei uma moleza, o Daud vem de sete vitórias consecutivas e vai ser mais uma pedreira. Mas eu e o Dedé (André Pederneiras) estudamos ele direitinho, estamos muito confiantes em trazer essa vitória e ter mais uma chance de lutar pelo cinturão”, afirma o lutador.

Filho mais velho de dois irmãos, Hacran teve seu primeiro contato com as artes marciais através do jiu-jítsu, no projeto social Morro dos Campeões, do primo e também lutador Marlon Sandro, na comunidade do Santo Amaro, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde nasceu e vive até hoje. O sonho, que começou como uma diversão nos intervalos de almoço do trabalho como trocador, se tornou realidade e um exemplo para outros jovens do morro.

“Quando eu comecei não pensava em MMA, só queria treinar jiu-jitsu, trocar de faixa, assim como meus amigos que treinavam. Não imaginava que fosse chegar tão longe. Por isso, sou muito grato a tudo que conquistei, as artes marciais me deram tudo o que tenho, fui capaz de ajudar a minha família e também outras pessoas. Tudo começou no Morro do Santo Amaro, essa é a minha raíz e é onde quero deixar um legado para outros jovens que sonham em mudar de vida”, conta.

A estreia de Hacran no MMA aconteceu em 2005, em um evento em São José dos Campos, São Paulo. De lá para cá, foram 37 lutas profissionais – 27 vitórias, 1 empate e apenas 9 derrotas. Aos 39 anos, Hacran admite ter realizado muitos sonhos ao longo das últimas décadas, mas o principal deles acredita ainda estar por vir.

“Tive grandes momentos, conquistei coisas que jamais sonharia quando criança. O contrato com o UFC foi um momento maravilhoso para mim, me deu uma projeção incrível, mas hoje sou muito grato ao ACA e aos russos pela oportunidade. Eles me valorizam e me dão sempre a oportunidade de mostrar o meu melhor. Quero me tornar campeão mundial, trazer esse cinturão do ACA para o Brasil. Estou trabalhando muito para isso, esse é o meu grande sonho do momento”, revela Hacran.

O primeiro passo para este sonho será no próximo dia 4. A preparação para a luta contra Shaikhaev já foi finalizada e o brasileiro embarca para a Rússia nesta semana. Serão dois dias de viagens até chegar ao destino final, em Grosny, onde a pesagem e o evento será realizado.

“Essa é a primeira batalha. São dois dias até chegar lá, vários voos, trem, ônibus, com algumas poucas paradas para descansar. É muito desgastante, mas a gente é brasileiro e vai para cima na raça. Depois tem a pesagem, que é sempre um momento de tensão também, mas tive um corte de peso muito bom, segui tudo à risca e não vou ter problemas”, finaliza, confiante.

Além de Hacran, o ACA 164 terá outros brasileiros em ação. Cleverson Silva, da Nova União, faz uma das lutas principais do evento contra Abdul-Rakhman Dudaev. Completam o card Carlos Felipe, Davi Ramos, Caio Bitencourt e Vinicius Cruz.

Todas as lutas serão transmitidas ao vivo pela plataforma de transmissão do próprio evento.

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