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Marcello Yoshii tem dedicado sua vida ao Jiu-Jitsu, não apenas como atleta e professor, mas também como líder de uma comunidade que cresce a cada dia. Depois de sua passagem pela Brazilian Top Team (BTT) no Brasil, Yoshii se estabeleceu na Gracie Barra Encinitas, nos Estados Unidos, onde vem colhendo frutos de um trabalho focado no desenvolvimento humano e técnico de seus alunos.

“Temos diversas histórias de transformação aqui na academia”, conta Yoshii. “A Dani, por exemplo, era uma criança muito insegura e tímida. Chorava em todas as aulas no início. Depois de um ano e seis meses de Jiu-Jitsu, ela acabou de receber a faixa cinza e hoje é muito mais confiante e segura, conversando e fazendo os treinos com desenvoltura e habilidade.”

O professor destaca que essas mudanças vão além do aspecto físico. “Temos gêmeos com necessidades especiais, o Sam e o Titus, que no começo tinham dificuldades com toques e brincadeiras. Hoje, treinam e brincam com todas as outras crianças de maneira natural. Às vezes, temos 45, 50 crianças no tatame ao mesmo tempo. É incrível ver essa integração.”

Com os adultos, as transformações também são marcantes. “O Mike, por exemplo, tem 55 anos e perdeu 20 quilos após um ano de treino. Todas as taxas de colesterol, gordura e açúcar dele estão nos níveis mais baixos desde que tinha 20 e poucos anos. O Jiu-Jitsu ajuda não só na parte física, mas também no convívio social, diminuindo a solidão e estimulando uma rotina saudável. Muitas pessoas até encontram trabalho dentro dessa comunidade, como aconteceu comigo. Hoje, essa academia mudou a minha vida e a realidade da minha família.”

Experiência como árbitro

Além do trabalho como professor, Yoshii também atua como árbitro em competições, o que, segundo ele, fortalece seu papel como treinador. “Essa experiência agrega muito. Temos um time de competição infantil com mais de 25 crianças e vários competidores adultos. Por ser atleta e árbitro em atividade, consigo transmitir mais autoridade e conhecimento, tanto nas regras quanto no coaching durante as lutas. No Compnet de Oceanside, em abril, fui coach em cerca de 60 lutas dos nossos alunos.”

Quando questionado sobre o que considera mais importante na formação de um atleta, Yoshii é enfático: “Se tivesse que escolher apenas um aspecto, seria o preparo emocional, especialmente no longo prazo. Em segundo lugar, o ambiente, e em terceiro, a técnica. O sucesso só é sustentável se houver um preparo emocional excepcional.”

Para ele, um ambiente equilibrado é fundamental. “Procuro manter um clima saudável e profissional, com momentos de descontração. Isso impacta diretamente no emocional dos alunos e cria uma sinergia com os ajustes técnicos. A luta é algo intenso e arriscado. Se levarmos tudo com seriedade excessiva, cada treino vira uma competição, e isso eleva os riscos de lesões e afasta pessoas que poderiam aproveitar todos os benefícios do Jiu-Jitsu.”

Yoshii acredita que a arte suave desempenha um papel crucial na formação de caráter e resiliência. “O Jiu-Jitsu de hoje tem uma função social e emocional que vai muito além do tatame. Ver essas transformações é a maior recompensa do meu trabalho”, concluiu.