Multicampeã no Jiu-Jitsu, faixa-roxa busca recursos para disputar o Mundial; veja
Por: Redação
Publicada: 07/05/2019 - 18:32
Por Mateus Machado
No mundo da luta, é comum vermos casos de atletas que se desdobram diariamente em busca do sonho de viver exclusivamente do esporte. O caminho para chegar ao objetivo, no entanto, não é nada fácil. Muitos acabam fazendo um outro tipo de atividade para complementar a renda financeira e, em outros diversos casos, sem apoios e patrocínios, atletas acabam desistindo do sonho e buscam outras maneiras de sobreviver.
O caso de Bárbara Pires pode se aplicar perfeitamente no cenário citado acima. Faixa-roxa de Jiu-Jitsu, a atleta da CheckMat já faturou inúmeros títulos em sua carreira, como o Mundial, Brasileiro, Sul-Americano, entre outros. Sua trajetória vitoriosa, todavia, não foi o bastante para a mineira, que segue lutando diariamente em busca de recurso visando seu próximo objetivo: disputar o Mundial da IBJJF.
“As maiores dificuldades que tenho são em relação a patrocínios financeiros para arcar com minha vida de atleta. Cada inscrição, por exemplo, gira em torno de 200, 300 reais, dependendo do torneios, e muitos são em outras cidades ou até mesmo fora do Brasil, então tem custo de passagem, hospedagem, alimentação… Isso é o mais difícil, porque como me dedico integralmente ao Jiu-Jitsu, eu não trabalho, então tenho que arrumar outros meios para conseguir dinheiro. Hoje, para os campeonatos, eu faço rifas, vou para o sinal vender balas, que foi uma forma que consegui de ganhar dinheiro e não atrapalhar os meus treinos. Faço campanha entre amigos, que me apoiam como podem. Mas o que dificulta bastante é conseguir lutar os maiores campeonatos com os custos altos e não conseguir patrocínio financeiro. Espero que com essa sequência de títulos e bons resultados, eu consiga um maior apoio nessa parte”, projeta a lutadora.
Conheça mais sobre a história de Bárbara Pires:
Lesões sofridas recentemente
Tive duas lesões sérias, a última há quatro meses, que ainda não estou totalmente recuperada. Fui no hospital algumas vezes, com muita dor no punho, fraqueza. Só depois de quase três meses, eu fui fazer uma ressonância e descobri que tive uma fratura em um osso da mão, então estou correndo contra o tempo para curar essa lesão e poder estar bem para lutar o Mundial e o segundo semestre, que tem diversas competições importantes. Estou fazendo fisioterapia e tudo o que eu posso para poder melhorar e estar 100% o quanto antes. Isso gera uma tensão muito grande, não só pelos treinos, pela arrecadação de dinheiro, mas também superar essas lesões para estar bem e ir em busca do bicampeonato. Mas estou confiante, porque tenho ótimos profissionais ao meu lado.
Como é conciliar a vida pessoal com a rotina de treinos?
Em relação a conciliar minha vida pessoal à rotina de treinos, não tenho muita dificuldade, porque minha vida, basicamente, é treinar e me preparar para os torneios. Precisamos abdicar de muitas coisas na vida para alcançar o alto rendimento. Moro fora da minha cidade há muitos anos, longe da minha família e amigos, moro num alojamento, então minha rotina toda gira em torno da minha preparação, seja em treinos específicos ou em outros quesitos que todo atleta necessita. As outras coisas ficam um pouco de lado, como círculo social e outras questões.
Maiores dificuldades na vida como atleta
As maiores dificuldades que tenho são em relação a patrocínios financeiros para arcar com minha vida de atleta. Cada inscrição, por exemplo, gira em torno de 200, 300 reais, dependendo do torneios, e muitos são em outras cidades ou até mesmo fora do Brasil, então tem custo de passagem, hospedagem, alimentação… Isso é o mais difícil, porque como me dedico integralmente ao Jiu-Jitsu, eu não trabalho, então tenho que arrumar outros meios para conseguir dinheiro. Hoje, para os campeonatos, eu faço rifas, vou para o sinal vender balas, que foi uma forma que consegui de ganhar dinheiro e não atrapalhar os meus treinos. Faço campanha entre amigos, que me apoiam como podem. Mas o que dificulta bastante é conseguir lutar os maiores campeonatos com os custos altos e não conseguir patrocínio financeiro. Espero que com essa sequência de títulos e bons resultados, eu consiga um maior apoio nessa parte.
Hoje, o que me mantém em alto rendimento, fora a minha dedicação ao Jiu-Jitsu, são os profissionais que me patrocinam, que me apoiam e fazer eu estar no meu melhor rendimento. Hoje eu tenho médico esportivo (Mozart Moraes), fisioterapeuta (Gustavo Rezende e Rafael Freire), a Clínica Redes Fisioterapia, psicóloga esportiva (Flávia Justus), nutricionista (Diogo Reis), uma farmácia de manipulação (BioLife Fórmulas), ortopedista (Leonardo Lanziotti), preparador físico (Frederico Fonseca), personal trainer (Maurício da Rocha), academia Sportfit, uma casa de produtos naturais (Empório Porto Brasil), acupuntura e ventosaterapia na Massoterapia Oriental Miyamura, um coach esportivo (Carlos Wiens), a Be The Next, e duas empresas que me ajudam (Plastilit Tubos e Conexões e Taika Engenharia), o Dr. Protetor, a Confeitaria Doce e Pecado, a marca de roupas Move e estética com o Instituto Djair Lopes. Agradeço muito a eles, porque se não fosse isso, não estaria onde estou hoje.
Treinos e busca de recursos financeiros para o Mundial da IBJJF
Estou me dedicando ao máximo aos treinos, fazendo preparação física, musculação, entre outras coisas, tentando alcançar melhor para chegar lá ao melhor nível. Ao mesmo tempo, estou me dividindo em conseguir recursos, porque não tenho todo o apoio e dinheiro que preciso para ir ao Mundial ainda. Já tenho a inscrição, mas não tenho a passagem e os custos necessários para hospedagem e alimentação. Algumas pessoas estão tentando me ajudar a conseguir patrocínio, tanto para o Mundial quanto para o resto do ano, senão em todo campeonato eu vou precisar correr atrás de apoio. Não está certo, mas estou caminhando e vai dar tudo certo, se Deus quiser. Isso atrapalha a rotina de treinamentos, é necessário trabalhar muito bem o psicológico para uma coisa não atrapalhar a outra.
Jiu-Jitsu feminino
Acho que a gente teve uma evolução enorme nos últimos anos, em todos os sentidos. Em anos anteriores, os campeonatos tinham faixas juntas, faixa azul lutando com faixa roxa, tinha uma quantidade muito menor de mulheres, e hoje cresceu muito, não só a quantidade, mas também o nível. Isso é muito bom para fortalecer o esporte feminino. Hoje nós temos poucos campeonatos com premiação, mas isso está mudando, estamos caminhando para termos direitos iguais. As mulheres vêm mostrando, cada vez mais, sua dedicação e competência.