Pablo Mantovani comanda time de Jiu-Jitsu em Abu Dhabi e projeta: ‘Os jovens daqui vão ser adultos de altíssima qualidade’
Por: Redação
Publicada: 24/09/2020 - 17:15
O período de quarentena, causado pela pandemia do novo coronavírus, impulsionou a vida do jovem Pablo Mantovani, de apenas 25 anos. Em viagem para Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes, onde iria disputar o principal torneio da terra do Xeque Tahnoon, o World Pro, o gaúcho viu a sua vida mudar de patamar rapidamente. Sem poder retornar para os Estados Unidos, pois ainda aguarda a embaixada americana abrir, ele preferiu não comprar uma passagem para o Brasil e aguardar o período de isolamento social em Abu Dhabi em busca de uma oportunidade de trabalho, mesmo com os treinos de Jiu-Jitsu suspensos.
Com carreira de destaque nas competições, tendo títulos do Mundial com e sem quimono, Pan-Americano, Brasileiro, todos com o selo da IBJJF, além das medalhas de ouro na seletiva do ADCC e torneios do ACB, o antigo Berkut, Pablo foi agraciado com uma oportunidade para comandar um clube de Jiu-Jitsu.
“Eu cheguei aqui para lutar, mas acabou que o coronavírus mudou os planos do mundo todo. Com a quarentena, eu não pude voltar aos Estados Unidos e eu não queria ir para o Brasil, porque eu sabia que não estava uma situação boa. Aqui, nos Emirados Árabes, a situação está tranquila e nós, atletas, sabemos que o país valoriza muito o Jiu-Jitsu. Às vezes, você pode dar aula numa base militar, num colégio ou até num clube. Graças a Deus a oportunidade veio na hora certa, porque eu estava procurando uma forma do meu trabalho ganhar notoriedade e eu estava sem nada. Muita coisa ruim estava acontecendo na minha vida pessoal, o lado financeiro e outros problemas, e quando eu fui ver falaram que precisavam de um head coach no Baniyas Sport Club. Aceitei essa oportunidade e agradeço a Deus por ele ser tão bom comigo. O clube, a estrutura, os atletas…Tudo é excepcional. Os atletas jovens daqui vão ser adultos de altíssima qualidade no Jiu-Jitsu”, explica Pablo.
Logo na sua chegada ao Baniyas como atual professor, Pablo passou quase um mês confinado em um hotel para fazer parte de sessões de treinos somente para os clubes de Abu Dhabi. Tudo foi seguido com o protocolo da Organização Mundial da Saúde seguidos de testes do Covid-19 em todos os participantes. O objetivo foi propagar o esporte e compartilhar experiências do Pablo, atleta destaque mundialmente.
“Foi uma experiência incrível viver isso aqui. Praticamente, a nossa rotina era acordar cedo para tomar café e treinar, depois voltava para o quarto para descansar e antes do almoço tinha mais um treino técnico de Jiu-Jitsu. Já de noite, último horário de aula, o treino era mais puxado. Tivemos treinos de quimono, aliado a uma preparação física bem profissional. Nos finais de semana, a gente jogava video game ou futebol quando não tinha campeonatos. Tive a oportunidade de comandar meus alunos num campeonato interno que teve dentro da arena, que ocorre o World Pro, e eles mandaram muito bem. Todos eles destruíram no campeonato. Quase todo mundo foi campeão, uma coisa absurda, fiquei muito feliz com o desempenho”, comenta Pablo, que foi um dos principais professores da Atos San Diego, escola comandada por André e Angélica Galvão na Califórnia.
Praticante de Jiu-Jitsu desde os 8 anos de idade, o brasileiro Pablo está feliz por ser valorizado pelo seu desempenho no esporte. Agora, é até possível mudar a vida de sua família, principalmente, a sua mãe, pilar importante na carreira do jovem campeão.
“Valeu a pena todas as vezes que eu abdiquei de alguma coisa por causa do Jiu-Jitsu. Enquanto eu não ganhava dinheiro com o esporte, eu sabia que o Jiu-Jitsu era meu trabalho desde quando eu era faixa-azul. Já na faixa-roxa, uma graduação acima, eu já comecei a ganhar algum dinheiro em campeonatos. Mas no início eu fiquei muito tempo sem ganhar um centavo. Eu sempre tive em mente em que quando eu estava treinando eu estava era, realmente, trabalhando e um dia isso seria recompensado. Cada dia que eu ia cansado, cada dia que eu via meus amigos indo para a balada, o tempo que eu juntei dinheiro para viajar valeu a pena. Eu dormia cedo, estudava e treinava todo dia, fora os finais de semana para competir. Sempre vivi o Jiu-Jitsu 100% e este investimento teve retorno agora. A cada degrau que você sobe na vida, a responsabilidade é maior. Você não pode se acomodar, porque quando isso acontece é aí que você entra na armadilha do sucesso. Agora é continuar fazendo um bom trabalho. Vou ter condição de ajudar minha família. O Jiu-Jitsu é muito valorizado. Mas eu não viso muito isso sempre, eu faço tudo com o amor. Sei tudo que você faz bem, você vai ter um retorno”, concluiu.