Policial exalta o papel das artes marciais na segurança pública

Publicada: 17/10/2022 - 15:19


Alexandre Bisordi explica por que o conhecimento de lutas pode ser necessário durante as ocorrências

Aragão é faixa-preta de jiu-jitsu (Foto: Arquivo Pessoal)

Conhecidas por seus benefícios para a saúde física e no alívio do estresse, as artes marciais também podem ser inseridas na preparação das forças policiais. Esse ensino de lutas prepararia os agentes de segurança pública para evitar situações extremas durante as ocorrências. No Brasil, esse treinamento já é realidade em alguns estados. Alguns países se tornaram referência na adesão da medida, como França, Índia, Estados Unidos, Israel e Emirados Árabes.

O investigador de Polícia Civil Alexandre Bisordi, que atua na área da segurança pública há 27 anos, comenta que o treinamento de artes marciais é uma ferramenta mais adicionada ao dia a dia dos colegas de profissão. Ele, que em sua carreira trabalhou uma década no combate aos roubos de bancos, ressaltou que a defesa pessoal pode ser usada como uma arma do policial. Ele destacou que todo agente deveria ter conhecimento de, pelo menos, uma das técnicas. Além disso, a prática seria uma ferramenta para aliviar o estresse.

“A arte marcial prepara não só o corpo, como torna a mente mais calma, e é importantíssimo liberar o estresse do policial. Todo mundo que porta uma arma, principalmente sendo um policial, tem que ter um bom preparo psicológico, e comprovadamente as artes marciais trazem esse preparo. Em diversas situações, ao longo dos anos, o policial, por falta de conhecimento técnico, teve sua arma roubada, entrou em luta corporal e acabou morrendo por não saber essa parte. Falta esse treinamento em todas as polícias”, comentou.

Alexandre, que é faixa-preta de jiu-jitsu e treina taekwondo desde os 9 anos, reforça que, exceto em casos que o infrator esteja armado, as instruções de artes marciais seriam efetivas na ação. Esse conhecimento pode evitar, por exemplo, que o agente de segurança pública seja desarmado pelo infrator. Ainda segundo o policial civil, o Brasil está atrasado no treinamento dos seus profissionais de segurança, pois os cursos feitos atualmente não preparam o policial para enfrentar todo tipo de problema e agressão. Ele fez cursos nos Estados Unidos e comenta que o conhecimento do país norte-americano está muito acima do que é ofertado aqui. 

“O policial tem que dar continuidade ao treinamento, mesmo após sair da academia. Para estar na polícia ele deve investir em defesa pessoal. O Estado deveria criar um órgão destinado a esses treinamentos, porque assim nossos agentes estarão sempre em aperfeiçoamento e poderão praticar jiu-jitsu, karatê, taekwondo, judô, ou até mesmo as outras modalidades. O policial tem que conhecer um pouco de tudo das artes marciais. Ele tem que saber se defender de diversos golpes,  imobilizar e, em último caso, fazer o uso da arma de fogo. Mas, infelizmente, nosso país está muito atrasado com relação a isso”, disse.

“A profissionalização do policial é importante. Não adianta portar uma arma e fazer academia apenas para aprender alguns golpes. Acredito que nós estamos caminhando para uma maior valorização dos policiais; creio que o Tarcísio vai olhar para esse lado, até porque ele vem das forças armadas. Estamos falando de vidas que foram ceifadas aos montes pela falta de treinamento, pela ausência de amparo do Estado e pela falta de conhecimento de técnicas. Tenho fé que vai mudar. Nos países desenvolvidos isso já funciona há muito tempo”, concluiu.

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