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Conhecido como “rei das lonas”, Milton de Sousa Batista trabalha há mais de uma década com a instalação de lonas, sendo uma referência no meio. Responsável pelo Dojo Lonas, o paulista, que também é faixa-preta de Jiu-Jitsu, venceu uma dura batalha recentemente, mas não foi no tatame. Longe dos treinos, Milton começou a beber regularmente, até que na virada do último ano, decidiu que iria mudar de rumo.

“Nesse período afastado do treino comecei a me juntar a outra galera. Aí você para em uma resenha aqui, outra ali, toma uma gelada aqui, outra ali, normalmente viajando muito, fora de casa… Terminava o serviço tarde, parava em um barzinho, tomava uma cerveja, ia para outra cidade, repetia. Depois de um tempo percebi que estava bebendo todos os dias e já não conseguia mais treinar, pois são coisas incompatíveis. Fui ganhando peso, de 85kg passei para 115kg, e isso durou um tempo, quase 10 anos longe do Jiu-Jitsu e me afundando na bebida com frequência”, contou o faixa-preta, que continuou.

“Depois de um tempo eu entendi que aquilo estava me fazendo mal, mas não conseguia parar. Até que, na virada do ano (2020 para 2021), tinha ido para a praia, e no dia 3 de janeiro, assim que eu apaguei a churrasqueira, olhei para a minha esposa e falei que era a última cerveja da minha vida, decidi que ia parar de beber e realmente cortei a cerveja. No início parecia impossível, mas com muita determinação consegui”.

Além de cortar o álcool, Milton retornou aos treinamentos e buscou o acompanhamento do Dr. Seba Sousa, que também é faixa-preta de Jiu-Jitsu, para perder peso. Com cerca de 22kg a menos, o paulista voltou às competições no Brasileiro da CBJJE, e explicou seu sentimento após um longo trabalho.

“Aos poucos fui voltando aos treinos, mas fora de forma, sem ritmo… Depois de um tempo, procurei o Dr. Seba Sousa e fizemos um tratamento onde, junto ao fim da bebida, consegui perder 22kg. Retomei forte o treinamento e surgiu a oportunidade de disputar o Campeonato Brasileiro da CBJJE”.

O título veio, mas Milton não teve adversários. Apesar da pequena frustração, ele destacou que sua vitória foi outra: “Eu estava muito animado para lutar, me testar, mas infelizmente não tinham atletas na categoria. Porém, depois do campeonato vi que a minha conquista não tinha sido a medalha, minha luta era outra. Essas drogas que são socialmente aceitáveis, como bebida e cigarro, são perigosas, quando você vê, está viciado. Foi difícil, mas consegui derrotar o alcoolismo e voltar ao Jiu-Jitsu. Essa foi a minha grande vitória”.