Vice-campeão nos EUA após lesão no bíceps, faixa-preta brasileiro utiliza o jiu-jitsu para inspirar crianças com autismo

Publicada: 01/12/2022 - 16:10


Colored smoke on a dark background. Blue and red light with smoke.

Por Leonardo Fabri

A Copa do Mundo de futebol é cenário de diversas histórias de superação envolvendo jogadores e lesões. Só para ficar no Brasil, podemos lembrar de Ronaldo em 2002, que mesmo com uma grave lesão no joelho foi o protagonista do pentacampeonato; e, nesta edição, no Qatar, Richarlison, destaque na estreia da Seleção com dois gols sobre a Sérvia na última quinta-feira, que machucou a panturrilha em outubro e correu o risco de não ser convocado.

Nos esportes de combate também acontecem essas viradas inspiradoras. Também em outubro, mês da lesão de Richarlison, o faixa-preta brasileiro Rogério da Silva Leite conquistou o vice-campeonato sem kimono do tradicional Pan-Americano de Jiu-Jitsu da Federação Internacional da modalidade (IBJJF), realizado em Dallas, nos EUA, após meses de recuperação de uma grave lesão no bíceps.

“Foi uma conquista muito especial, uma medalha de prata com gosto de ouro”, celebrou o faixa-preta segundo grau, que conseguiu o feito na divisão peso pesadíssimo no master 4. “Passei por muitos desafios este ano devido à lesão no bíceps na minha última luta antes dessa competição. Esse contorno de superação valorizou ainda mais a minha conquista”, completou.

A valorização do segundo lugar vem de um veterano habituado a subir no pódio desde as faixas coloridas. Foi assim no Mundial da IBJJF, no Austin International Open IBJJF, no Twin Cities International Open IBJJF, no New York Summer International Open IBJJF, no Campeonato Sul-Americano, no São Paulo International Open IBJJF, entre muitas outras competições nacionais e internacionais.

Formado pelos ícones do jiu-jitsu paulista Roberto Godói e Jurandir Vieira, da equipe G13, Rogério da Silva Leite repassa essa mensagem inspiradora que a arte suave emite a jovens que acompanham seus treinos, destacando que, embora a sensação de subir ao pódio seja maravilhosa, os maiores valores que a modalidade proporciona podem ser aplicadas fora dos tatames, no dia a dia. Seu principal foco é usar o jiu-jitsu como ferramenta de socialização para crianças com autismo.

“Hoje treino em Dallas, no Texas, e tenho a oportunidade de compartilhar e aprender com pessoas de todo o mundo. Uma das experiências mais estimulantes é inspirar crianças especiais o quanto isso faz bem para elas. Crianças que antes não conseguiam socializar com outras pessoas, hoje, por causa do esporte, se desenvolveram muito, e a família sempre fala dessa evolução positiva. As crianças se desenvolvem muito praticando jiu-jitsu, além da autodefesa, auto-estima e desenvolvendo a capacidade de sair de situações de bullying. Sentir o abraço dessas crianças, que não conseguiam nem chegar perto de outra pessoa, não tem preço”, afirmou.

Rogério Leite tem como papel principal dar sequência aos ensinamentos da modalidade adaptada por Carlos Gracie às próximas gerações, e garante que se sente orgulho em poder fazer parte desse exército brasileiro que vive a filosofia da arte suave mundo afora.

“Quero continuar representando o jiu-jitsu na América, competindo em alto nível para novas conquistas e pretendo no futuro desenvolver projetos sociais para a comunidade como forma de autodefesa, como atleta incentivando principalmente entre as minorias como mulheres e crianças. Através do meu exemplo mostrar uma melhor qualidade de vida das pessoas mais velhas, mostrando que, independentemente da idade, é possível se superar”, completou o brasileiro.

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