Juíza aposentada Maria Consentino contesta obrigação do biquíni no vôlei de praia: “Desproporcional e sem razoabilidade”

Publicada: 09/04/2022 - 11:32


Maria Consentino é juíza aposentada – (Foto: Divulgação)

As jogadoras de vôlei de praia feminino ainda são obrigadas a usar biquíni em algumas competições internacionais, como ocorreu durante as Olimpíadas de Tóquio, em 2021. Na ocasião, a então integrante da seleção brasileira Carol Solberg questionou a regra, que acusou de ser machista. E quem faz coro à declaração da jogadora é uma ferrenha defensora dos direitos das mulheres, a juíza aposentada Maria Consentino.

Maria foi titular no Juizado da Violência Doméstica e Familiar de Belo Horizonte (MG) e hoje atua como advogada especialista da causa. Segundo a ex-magistrada, essa regra que obriga o uso do biquíni reforça o patriarcado, sistema social em que homens mantêm o poder primário e predominam em funções de liderança.

“É totalmente desproporcional e sem razoabilidade um esporte obrigar as meninas a usarem roupas com as quais algumas delas não se sentem confortáveis. O mais engraçado é que a justificativa do biquíni é uma possível facilidade que a roupa proporciona para jogar, mas a própria mulher não tem o direito de escolher o que ela acha melhor para ela? Isso é patriarcal – e por que é patriarcal? Porque são os homens que estão ditando as regras para as mulheres”, contestou Maria Consentino.

Em 2021, o time feminino de handebol de praia da Noruega foi multado após as jogadoras optarem por usar shorts no lugar do biquíni durante um jogo do campeonato europeu. O caso repercutiu ao redor do mundo e levantou a discussão sobre essa imposição que foi taxada como absurda pela juíza aposentada Maria Consentino.

“Lógico que isso tem que mudar, as mulheres devem ter o direito de escolher as roupas com as quais elas se sintam bem. Isso está totalmente ultrapassado. No passado, ninguém questionava isso, era imposto e pronto. A atitude do time de handebol feminino foi um grande ato de coragem, mas ser mulher já é um ato de coragem”, destacou. 

“Essa regra do esporte de obrigar as mulheres a usar biquínis demonstra uma presença forte do sexismo, que é sinônimo de machismo e patriarcado. Pagar uma multa porque você não usa biquíni: quer uma situação mais opressora do que essa? Por que os homens podem usar shorts e as mulheres têm que usar biquínis? Isso não se encaixa mais dentro da sociedade que temos atualmente”, concluiu. 

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