Seleção brasileira de vôlei busca equilíbrio psicológico para vencer Liga das Nações, analisa psicanalista Carlos Mario Alvarez

Publicada: 13/07/2023 - 12:35


Foto: Divulgação/ FIVB

A seleção brasileira masculina de vôlei irá enfrentar a Polônia no dia 20 de julho, pelas quartas-de-final da Liga das Nações. O jogo será em Gdańsk, na casa do adversário. O time comandado por Renan Dal Zotto não tem conseguido reproduzir as grandes atuações que o colocaram no topo do esporte mundial nos últimos anos. Foram oito vitórias e quatro derrotas até agora na liga. Após acostumar-se com um time vitorioso no passado, a torcida cobra mais resultados positivos da geração atual.

No início do século, quando assumiu, Bernardinho conquistou 16 dos 20 torneios disputados entre seleções e completou quatro anos de domínio absoluto entre 2002 e 2006 após vencer dois títulos mundiais e um olímpico. A lista é grande e muito disso pôde ser conquistado graças à forma enérgica com que ele comandava o time e também pelo controle psicológico de seus jogadores. De acordo com o Psicanalista Carlos Mario Alvarez, talvez seja esse um dos caminhos para o retorno da sequência de vitórias.

“O condicionamento psicológico faz a diferença e, na medida em que as equipes têm algum tipo de auxílio ou treinamento nesse sentido, as coisas vão melhores. Veja que não é decisivo o preparo psicológico, mas ele de fato pode fazer a diferença”, explica o Psicanalista Carlos Mario Alvarez, que é doutor pela PUC-RJ e curador do Projeto “Psicanálise Descolada”.

“Não há dúvida de que atualmente temos muito mais técnicas disponíveis, desenvolvidas e customizadas para equipes de esportes específicos, assim como preparações individuais e coletivas que levam em conta os novos achados na área psíquica”, completou o psicanalista que também atua como professor convidado na universidade francesa Sorbonne (Paris 2).

Carlos Mario Alvarez é psicanalista – Foto: Arquivo pessoal

Em sua reflexão sobre aspectos ligados entre a psicanálise, o autodesenvolvimento e a prática esportiva, Carlos Mario também cita a importância do ganho de autoconfiança. Essa característica seria fortalecida após uma sequência positiva no esporte – ou na vida.

“Essa questão está diretamente ligada ao conceito de fluxo, que funciona como uma espécie de automação no alto nível de um jogador, que coloca em primeiro plano, dentre vários fatores, o prazer de estar naquilo. Esse fluxo vai crescendo e ganhando cada vez mais forma à medida que as vitórias vão acontecendo, já que também aumenta a autoconfiança dos atletas. Em vários esportes para além do vôlei, manter o psicológico preparado faz toda a diferença para um bom desempenho”, destacou o psicanalista.

“Repare: às vezes os goleiros, por exemplo, fazem quase pirotecnias hipnóticas para distrair o jogador. E aí o jogador se perde, perde o foco e é capaz de chutar na trave, para fora ou em cima do goleiro. O alinhamento da questão psíquica com a prática esportiva não se limita apenas ao âmbito profissional, fazendo toda a diferença também para os atletas amadores e casuais. É quase como se uma coisa caminhasse graças a outra, e vice-versa: uma boa prática de exercícios traz um melhor psicológico para os praticantes; ao mesmo tempo, um bom psicológico melhora a prática desses exercícios”, completou Carlos Mario, que é praticante regular do vôlei de praia.

Além de fazer os tradicionais atendimentos clínicos, Carlos Mario Alvarez também se dedica à disseminação da Psicanálise por meio do projeto “Psicanálise Descolada”, em que ele divulga a teoria e a prática psicanalítica por meio do site oficial do projeto e também das redes sociais. E a prática esportiva aparece como uma sugestão regular – tanto no consultório quanto nos cursos.

“Recomendo sempre aos meus pacientes que se dediquem a alguma atividade de cunho corporal, práticas que façam com que o corpo se exercite e ganhe mais mobilidade e flexibilidade. Enfim, vitalidade. Na verdade, a gente sabe desde sempre que um corpo ativo, um corpo em movimento, um corpo feliz, muda o astral de uma pessoa e suas perspectivas de vida. É preciso que as pessoas lutem contra as procrastinações, os sedentarismos e os revezes”, ressalta o psicanalista.

“Há muito tempo que minha linguagem tornou-se acessível e lúdica, eu me comunico com uma grande comunidade em torno do meu trabalho. Pessoas que têm interesse em psicanálise para que elas possam entender melhor situações que vivem, que às vezes são complexas e complicadas, e que elas não têm noção de como conduzir. Muitas pessoas que participam das minhas lives, que fazem meus cursos, têm a chance de se dar a oportunidade de entrar em contato com ideias que podem ajudá-las a refletir e a melhor enxergar aspectos nebulosos e difíceis de suas vidas e ganhar forças para mudarem os rumos de suas vidas. (…) A grande superação é sempre aquela onde uma pessoa supera seus próprios limites. E o esporte é bem isso”, concluiu Carlos Mario Alvarez.

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