Zé Roberto e Bernardinho se cumprimentam durante cerimônia do Hall da Fama

Publicada: 21/10/2019 - 21:26


Zé Roberto e Bernardinho se cumprimentam (Gaspar Nóbrega/Inovafoto/CBV)

Outra grande atração do lançamento da Superliga 19/20 foi a inclusão de dois dos maiores técnicos do esporte mundial ao Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Bernardinho e José Roberto Guimarães estiveram presentes para receber a honraria.

O relacionamento entre os dois não é bom. No entanto, um cumprimento de mãos durante a cerimônia de premiação mostrou que o respeito de um pelo outro pelas respectivas histórias dentro do voleibol existe e é pautado pela cordialidade.

O clima entre os dois maiores treinadores do Brasil começou a estremecer durante a Olimpíada de 2004. Bernardinho era técnico da Seleção Masculina e Zé Roberto da Feminina. A levantadora titular do Brasil era Fernanda Venturini, mulher de Bernardinho. Na época, houve rumores de que Fernanda levava DVDs com imagens de jogos e treinos da Seleção para que Bernardinho – que treinava o time feminino do Rexona e conhecia bem as jogadoras da Seleção –  as analisasse e apontasse os “erros”, desagradando Zé Roberto.

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Bernardinho teve as mãos eternizadas no Hall da Fama do COB (Gaspar Nóbrega/Inovafoto/CBV)

Naquele ano, em Atenas, a Seleção Masculina foi campeã olímpica e a feminina terminou em quarto lugar, perdendo o bronze para Cuba. Na véspera, no entanto, na semifinal, aconteceu uma das derrotas mais doídas da história do vôlei feminino. O Brasil vencia a Rússia por 2 a 1 e o quarto set por 24 a 19, mas tomou a virada (28 a 26) na parcial e acabou derrotado no tie-break por 16 a 14.

Houve muitas críticas ao grupo, que ganhou o apelido pejorativo de “amarelonas”, marcando de forma negativa uma geração talentosa. Em uma entrevista em 2006, ao falar dos problemas ocorridos em Atenas-2004, Zé Roberto citou a influência de “técnico-marido”, numa clara alusão à Bernardinho e Fernanda Venturini.

Pequim-2008

Em 2008, apesar de ter pedido para retornar à Seleção, Fernanda não foi convocada para compor o grupo dos Jogos de Pequim, onde o Brasil conquistou a inédita medalha de ouro – e repetiu o feito em Londres-2012. Fofão foi a titular, com Carol Albuquerque indo como reserva. Fernanda Venturini, uma das levantadoras mais habilidosas da história do vôlei brasileiro, ficou sem a medalha dourada – tem uma de bronze (Atlanta-1996).

Zé Roberto é tricampeão olímpico (Gaspar Nóbrega/Inova/foto CBV)
Zé Roberto é tricampeão olímpico (Gaspar Nóbrega/Inova/foto CBV)

Em 2014, Zé Roberto declarou, novamente em entrevista, que o clima ruim entre os dois tinha acabado e que eles teriam se acertado. No mês passado, no entanto, no programa do jornalista Pedro Bial, Bernardinho deixou claro que a relação segue estremecida: “A admiração pelo profissional é indiscutível. Mas houve um fato pessoal e uma acusação pública”, disse o treinador do Sesc RJ.

O aperto de mãos entre os dois, nesta segunda-feira, reforça o respeito de um pelo currículo do outro. Juntos, eles têm cinco ouros olímpicos. Zé Roberto em 1992, com a seleção masculina, e em 2008 e 2012, com a feminina, e Bernardinho foi ouro com a Seleção Masculina em 2004 e 2016, além de ser tricampeão mundial (2002, 2006 e 2010) e de ter chegado a outras duas finais olímpicas (2008 e 2012).

Homenagem

– Se estou sendo reconhecido aqui hoje, é porque represento uma geração que foi muito importante para o nosso esporte. Não conquistei nada sozinho. Sou homenageado pelo conjunto de esforços feito por muitas pessoas. Essas pessoas contribuíram muito para o voleibol e trouxeram coisas boas para o nosso esporte – comentou Bernardinho, responsável por seis medalhas olímpicas para o voleibol brasileiro – dois ouros e duas pratas no masculino, e dois bronzes no feminino (1996 e 2000).

O técnico José Roberto Guimarães foi outro eternizado no Hall da Fama.

– É um prazer e uma honra enorme em receber essa homenagem. Eu agradeço à CBV e ao COB por essa lembrança, mas o meu grande sonho de adolescência era representar o Brasil, defender a nossa seleção, e acredito que cumpri a minha missão, estou muito realizado. Quero agradecer aos meus treinadores, meus professores, meu mentor, que já não está mais entre nós, o Bebeto de Freitas. E agradecer ao Paulo Márcio, meu guru na seleção por todos estes anos – disse José Roberto.

Paulo Márcio Nunes da Costa é o ex-diretor de Seleções da CBV, que também recebeu homenagem na festa de lançamento da Superliga 19/20 pelos serviços prestados ao voleibol nacional.

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