Brasileira supera sete cirurgias, conquista três mundiais nas faixas coloridas e agora mira repetir feito na faixa-preta

Publicada: 24/10/2022 - 22:08


Bárbara Pires coleciona medalhas (Foto: arquivo pessoal)

A definição da palavra lutador(a) no dicionário é a seguinte: que luta, que se esforça para alcançar um objetivo, superar dificuldades. Essa descrição se encaixa perfeitamente para apresentar a faixa-preta de jiu-jitsu Bárbara Pires, uma verdadeira colecionadora de títulos e conquistas, dentro e fora dos tatames.
Dentro do tatame, foram nada menos que três títulos mundiais nas faixas coloridas, nove sul-americanos, seis brasileiros e cinco American National, importante campeonato norte-americano da Federação Internacional de Jiu-Jitsu Brasileiro (IBJJF). Só isso já é o suficiente para classificá-la como uma grande lutadora.

Entretanto, ela deve ser classificada como Lutadora, com letra maiúscula. Suas maiores superações não foram diante de adversárias dentro do tatame, mas de obstáculos impostos pela vida. Nos oito anos de carreira no jiu-jitsu, foram sete cirurgias, inúmeras lesões e até mesmo um quadro de depressão.

“Comecei no jiu-jitsu apenas pela defesa pessoal, mas como meu sonho sempre foi ser atleta, decidi mergulhar no esporte. No terceiro mês de treino, já havia sido campeã em dois campeonatos e estava buscando o terceiro título, mas rompi quatro ligamentos do joelho durante uma luta”, lembra Bárbara.

“Os médicos disseram que eu jamais seria uma lutadora de alto rendimento. Mas eu falava: vou ser campeã mundial. Foi uma recuperação complicada, fiz duas cirurgias em um ano, fiquei seis meses sem mexer o pé. Nesse período a minha mãe faleceu em um acidente também. Ou seja, meu início foi o pior possível”, completa.

O que para a maioria das pessoas seriam golpes encaixados cuja única saída seria dar os três tapinhas anunciando a desistência, para a mineira de Belo Horizonte, que chegou a vender bala nos sinais de trânsito para conseguir recursos para viajar e competir, foram combustível para “raspar” e sair por cima.

‘Eu dizia que eu ia ser campeã mundial cinco vezes, duas na faixa-preta, e que ia para os EUA dar aula. Todo mundo me taxava de louca. Acreditei nos meus sonhos, treinei, quatro anos e meio depois ganhei meu primeiro mundial, na azul. Quebrei o punho, tive que fazer mais uma cirurgia, para colocar uma placa”, recorda.

“Nessa época tive depressão também. Mas novamente acreditei, batalhei, dois anos depois fui campeã mundial na faixa-roxa e peguei a marrom. Fui campeã mundial na marrom, peguei a preta, do Leozinho Vieira, e agora só faltam meus dois mundiais na faixa-preta para eu completar o álbum”, exalta.

Bárbara Pires atualmente mora na Califórnia, onde treina na Checkmat. Além de chamar a atenção pelo seu conhecimento técnico na arte suave, ela também serve como uma grande inspiração para aqueles que acham que o único caminho é a desistência.

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