Campeã mundial de MMA amador, atleta de 19 anos relembra dificuldades até o título
Por: Redação
Publicada: 05/12/2019 - 15:00
Por Mateus Machado
Com apenas 19 anos de idade, Sabrina Souza já passou por diversas experiências ao longo da vida. Em uma ordem cronológica, iniciou nas artes marciais aos oito, passou pela Capoeira, Jiu-Jitsu e Muay Thai, e ainda muito jovem, decidiu migrar para o MMA. Com muito potencial, chegou à renomada Nova União aos 16 através de seu empresário e, observada de perto por Dedé Pederneiras, que a aprovou numa espécie de “teste”, passou a treinar com nomes consagrados da equipe.
Para ficar bem próxima ao CT da Nova União, tomou a difícil decisão de sair da casa dos pais, com quem morava Gardênia Azul, na Zona Oeste, e foi morar com uma amiga no Morro Azul, no Flamengo. A atitude rendeu frutos e, no último mês de novembro, a atleta conseguiu o grande feito de ser campeã Mundial de MMA amador da Federação Internacional de MMA (IMMAF, na sigla em inglês) em Manama, no Bahrein.
Campeã na categoria peso-pena, Sabrina deu um verdadeiro show, vencendo todas as suas quatro lutas por finalização e superando atletas da Suécia, Polônia, Finlândia e Itália. O título foi a coroação de um grande esforço da lutadora, que no início do ano, sofreu uma grave lesão no quadril, que a impossibilitou de treinar e a obrigou a ser submetida à uma cirurgia e, posteriormente, à uma recuperação que durou cinco meses.
“Ela veio até mim através de um professor de Wrestling que dava aula na minha academia. Quando eu vi a Sabrina na academia que eu tinha na Barra da Tijuca, ela me despertou um interesse absurdo, porque com 15 anos, ela tinha muito potencial, muita técnica, humildade, simplicidade e um carisma surreal para dar aulas e ensinar. Eu notei que ela era uma menina diferenciada e tinha algo a mais. Eu queria apenas trazê-la para minha academia, mas conheci a família dela e perguntei para a Sabrina: qual é o seu sonho? Ela respondeu: ser lutadora de MMA. Em seguida, perguntei: qual é o melhor professor para você? Ela respondeu: o Dedé Pederneiras, quero treinar na equipe dele. Foi quando conheci o Dedé, há dois anos e meio. Fui através de um faixa preta do Dedé, que me levou até ele. O Dedé, com toda a humildade, falou: Francis, deixa ela treinar aí agora. Ele botou a ‘bichinha’ para fazer um sparring simplesmente com a Ketlen Vieira, que ia lutar no UFC. A porrada comeu, foi bom pra caramba. O Dedé pediu para ela já treinar no dia seguinte, às 8h, e o resto é história.
Estamos nessa parceria, cuidando dessa menina com toda a ajuda externa e, internamente, o Dedé é ‘absurdo’. Ele ajudou num trauma que ela teve, uma cirurgia que ela fez no quadril, ajudou com o melhor médico, o melhor hospital, e isso não tem preço. A gratidão que eu tenho pelo Dedé, por ter feito isso por ela, é enorme. Eu acredito que essa menina, pelo dia a dia, ela na Nova União, com os melhores professores e atletas, com o Dedé por trás disso tudo, eu tenho certeza que o céu é o limite para ela. Essa menina vai brilhar no UFC, ela vai chegar lá. Ela quer chegar, e ela vai. Ela lutando de 61kg para baixo, podem ter certeza que ela vai brilhar”, projetou Francis Leonardo, empresário da atleta.
Conheça mais sobre a história de Sabrina Souza em entrevista exclusiva:
– Início nas artes marciais
Meu primeiro contato com as artes marciais veio através da Capoeira, e logo depois, eu comecei nos treinos de Jiu-Jitsu, porque eu vi um treino de crianças, me interessei e entrei. Em seguida, eu comecei a fazer o Jiu-Jitsu junto com o Muay Thai, e isso foi muito importante para a minha formação como atleta nas artes marciais.
– Qual arte marcial mais te impressionou de início?
Eu sou de fases, né? (risos). Tinha uma época da minha vida que eu estava competindo muito no Muay Thai, era minha paixão. Logo depois, eu também passei a competir muito no Jiu-Jitsu, e acabou que se tornou também uma grande paixão minha. Eu fico entre os dois, mas o meu forte é no Jiu-Jitsu mesmo.
– Como surgiu o interesse de migrar para o MMA?
Eu comecei nas artes marciais com oito anos de idade e vi meus colegas de treino lutarem MMA, mas eu era muito nova ainda e não podia competir. Então, comecei a competir outras modalidades, como Jiu-Jitsu e Muay Thai, e assim que teve uma fase da minha vida que fiquei lutando só Jiu-Jitsu, que foi na GFTeam, eu estava sentindo falta de algo, e era o MMA. Foi dessa forma que cheguei na Nova União.
– Séria lesão sofrida ainda com 18 anos
A minha lesão foi bem difícil, por eu ser muito nova e eu ter que interromper os treinos para buscar tratamento. Assim que eu soube que iria operar, eu achei que não conseguiria mais voltar aos treinos. Para a minha recuperação, eu tive todo o suporte da Nova União, e foi em etapas. Comecei, primeiro, o tratamento com as melhores fisioterapeutas, e assim que fui melhorando, iniciei o fortalecimento muscular com os preparadores físicos e fui voltando aos poucos para os treinos.
– Título no Mundial de MMA Amador
Disputar o Mundial de MMA Amador foi uma experiência incrível, porque eu fiz meu camp lá no Bahrein, onde eu passei dois meses, e o evento foi totalmente diferente, por ser fora do Brasil e por todos os dias eu ter que fazer uma luta. Foram quatro lutas e quatro finalizações. A sensação de chegar na final e de ser campeã me fez relembrar tudo o que eu passei e aquela vontade de criança, de entrar no MMA. Foi incrível.
– Quais são suas inspirações no esporte?
Quem eu tenho como inspiração são as pessoas que treinam comigo, que eu vejo toda a dedicação, os momentos ruins, e que estão comigo diariamente, me ajudando… Como a Poliana Botelho, a Ketlen Vieira, o José Aldo, a Lara Procópio. São grandes espelhos para mim visando meu futuro no MMA.
– Como foi sua chegada na Nova União e sua evolução desde então?
Eu cheguei na Nova União com 16 anos e foi um sonho realizado, por eu ter sido vista treinando por um dos melhores treinadores do mundo, que é o Dedé Pederneiras. Assim que eu fui aceita na equipe, minha rotina mudou completamente e eu tive, de lá pra cá, bastante evolução, por estar treinando com uma equipe com nomes tão fortes no MMA. Foi e tem sido importantíssimo para mim esse período.
– Como você projeta seu futuro no MMA? Quais são os planos para 2020?
Eu sou nova, acabei de disputar o maior evento de MMA Amador. Eu sentei com os meus professores, o Rafael Vinícius e o Dedé, e resolvemos que em 2020 eu vou me manter no MMA Amador, até pelas oportunidades que vieram de eventos grandes de MMA Amador, e pela experiência. Está sendo uma experiência incrível, eu estou me preparando para quando chegar no profissional, ficar entre as melhores, e o UFC é o foco. Quero chegar lá com experiência e pronta para o que vier.
– Com 19 anos, você já passou por muita coisa. Qual balanço faz disso tudo?
Por tudo o que eu passei, pela lesão, por ter que sair da casa dos meus pais para morar ao lado do CT para treinar, ficar longe da família… Tudo isso está me fazendo ter muita responsabilidade e saber que tudo o que eu fiz foi para poder treinar, me dedicar, e agora estou muito focada no meu sonho. Quando eu estava no Bahrein, eu falei que sabia que viveria uma coisa muito incrível, justamente por eu nunca ter desistido. Esse título mundial de MMA Amador é apenas o começo, se Deus quiser.