Médico que prescreveu Canabidiol para quase 7 mil pacientes cita benefícios do medicamento

Publicada: 15/12/2022 - 19:53


Especialista em neurologia e psiquiatria clínica, Dr. José Fernandes Vilas conta história com o CBD e melhorias que medicamento trouxe aos pacientes

Foto: Pexels

Com o crescimento dos medicamentos à base de cannabis produzidos no Brasil, aumenta também a quantidade de médicos que prescrevem o Canabidiol (CBD), bem como o número de pacientes tratados com a substância. Um relatório da Agência Nacional de Saúde (Anvisa) mostra que, entre janeiro e novembro de 2021, recebeu cerca de 34 mil pedidos de importação do remédio. O número é quase o dobro de solicitações de 2020, quando o total era de 19.120.

Atualmente, no Brasil, há 2.100 médicos que prescrevem o CBD para tratar diversas síndromes. Em 2015, esse número não chegava a 400. O Dr. José Fernandes Vilas, especialista em neurologia e psiquiatria clínica, está entre os profissionais que passaram a prescrever o medicamento. Ele conta que, quando o assunto é o Canabidiol, trata-se de uma medicação que age nos receptores do corpo, seja o sistema nervoso central, os ossos, músculos ou articulações.

“O CBD, que melhora o funcionamento celular, veio como uma grande surpresa para a indústria farmacêutica, e passou por várias barreiras para entrar no Brasil. Enquanto países da Europa, os Estados Unidos, Canadá e vários países da América Latina já o utilizavam, nós ainda tínhamos que pedir autorização da Anvisa para importação. Mas, devido aos estudos científicos que hoje trabalham as doenças incuráveis, houve uma descoberta fugaz na melhora de pacientes de neurologia e psiquiatria”, explicou.

O médico explica que doenças neurológicas e psiquiátricas agem como um processo inflamatório nas pessoas. Isso serve para transtorno depressivo, pânico, Alzheimer, Parkinson, autismo, fibromialgia, entre outras síndromes. Porém, O CBD atua como um anti-inflamatório e consegue gerar a melhora clínica.

“Hoje é possível comprovar os benefícios do Canabidiol para inúmeras doenças, e com diversos estudos. Só no Google existem mais de 400 mil citações do termo ‘cannabis medicinal’. No PubMed, a principal plataforma de estudos médicos e atualizações, são mais de quatro mil artigos que falam sobre o tema. Além disso, temos outros mil livros que abordam a cannabis medicinal. Ou seja, não há como dizer que estamos sem comprovação científica para os benefícios do CBD”, comentou.

Com quase 12 mil pacientes, o Dr. José Fernandes Vilas já receitou o Canabidiol para mais da metade deles e explica que até 90% das síndromes podem ser tratadas com o CBD. O especialista conta ainda ter tido um exemplo de melhora dentro de casa, com a mãe que sofria de depressão grave. Mesmo nas melhores fases, não era possível retirar a medicação tradicional, porque havia regressão no quadro de saúde dela. Então, passou a prescrever o medicamento à base de cannabis como coadjuvante à medicação tradicional.

“Comecei a prescrever o canabidiol para a minha mãe e, em 6 meses, para a nossa surpresa, ela passou usar apenas duas medicações das quatro que tomava, e em menor dosagem. Desde então, não teve nenhuma recaída. Todo paciente, após a depressão grave, fica sem proatividade e demora para assumir compromissos. Com a minha mãe foi o contrário. Ela passou a tomar iniciativas e fazer coisas que, 10 anos atrás, não imaginaríamos que faria. Começou a cantar e observamos uma transformação na sua realidade após o uso de CBD”, contou.

Questionado sobre o que motivou a estudar e prescrever o medicamento feito com propriedades da cannabis, o especialista conta que tudo começou após um processo de cura do Burnout. Seu objetivo era encontrar algo que o fizesse realizado com profissional após superar a doença. Nos vários cursos que fez, nacionais e internacionais, sempre via algo sobre o canabidiol. Então, decidiu tentar iniciar a prescrição para acompanhar o resultado nos pacientes. O primeiro a receber a receita foi um menino autista, de cinco anos, que não falava desde o primeiro ano de vida.

“Todas as medicações não funcionavam para ele. Era uma criança super agitada e com resistência medicamentosa. Como médico, me sentia mal, então sugeri a medicação para a mãe dele e ela aceitou. Nós importamos o CBD, que era importado na época, começamos a prescrever. Em dois meses a mãe entra no consultório chorando e me dizendo que o filho passou a cantar. Foi uma comoção geral e uma vitória para nós. Eu já tinha tentado de tudo, até associações de medicações, mas não conseguia resultado. Essa melhora foi o meu passo inicial para o CBD; e foi a transformação de vida dessa criança que me fez perder o medo, o preconceito e todo mau juízo sobre a medicação. Depois, nunca mais parei de receitar”, narrou.

“O meu estudo da questão do CBD veio associado com minha especialização em medicina integrativa avançada no Hospital Albert Einstein, que nos ajuda a cuidar do corpo como um todo: parte física, espiritual e emocional. O medicamento à base de cannabis entra como um auxílio nos cuidados dentro da medicina integrativa. Ainda há resistência da medicina tradicional em relação à prescrição do Canabidiol, porém, existem muitos profissionais receitando com sucesso. E agora, será um efeito cascata. A cada dia que passar, nós teremos mais médicos prescrevendo CBD e mais pacientes abençoados com o mesmo”, concluiu.

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