No dia internacional do Boxe, Presidente da confederação brasileira revela bastidores que tornaram o Brasil uma potência na modalidade
Por: Redação
Publicada: 27/08/2021 - 9:16
A partir deste ano, o Dia Internacional do Boxe será comemorado sempre no dia 27 de agosto, data de aniversário do primeiro campeonato organizado pela Associação Internacional de Boxe Amador (AIBA), realizado no ano de 1974 em Havana, Cuba.
Hoje, o Brasil é uma das potências da modalidade em todo o mundo. Em Tóquio, foi o esporte que, ao lado do Skate, mais trouxe medalhas para o país: três, incluindo uma de ouro, com o peso médio Hebert Conceição.
Foi a terceira edição seguida em que o Boxe brasileiro subiu ao pódio: em Londres 2012 foram uma prata e dois bronzes; e no Rio 2016, o ouro de Robson Conceição. Antes disso, o bronze Servílio de Oliveira na Cidade do México em 1968 era nossa única conquista.
Mas a que se deve esse sucesso? Para responder esta pergunta, nossa reportagem conversou com o Presidente da Confederação Brasileira de Boxe, Marcos Cândido de Brito, que, embora tenha assumido a presidência este ano, integra a entidade desde 2009.
“Quando assumiu a presidência em 2009, o Mauro Silva, conhecendo meu trabalho como advogado, me convidou para cuidar dos assuntos jurídicos da CBBoxe. Desde então, eu vi de perto a implementação de uma nova mentalidade”, lembra o atual presidente.
De acordo com Marcos Cândido de Brito, seu antecessor tirou funcionários que não estavam se dedicando à confederação, redistribuiu as verbas da entidade para os setores que realmente necessitavam e, o mais importante, implementou a seleção permanente.
“A concentração da seleção olímpica realmente é o pilar desse sucesso. Durante todo o ciclo os 24 atletas permanecem concentrados, permanentemente ativos, treinando diariamente e disputando as mais importantes competições internacionais no mundo.”
Os 24 atletas da seleção brasileira de Boxe são militares – Exército e Marinha. Além do soldo, eles também recebem salário do bolsa atleta. Essa estrutura salarial aliada ao centro montado em São Paulo permite que os pugilistas se dediquem inteiramente ao esporte.
“O Boxe do Brasil hoje é plural, das mais variadas regiões. Por muito tempo, a Bahia foi hegemônica. Hoje ainda é o maior provedor de atletas, mas a gente já vê talentos de outros estados chegando à seleção, o que aumenta o terreno para a descoberta de talentos.”
Em Tóquio, a seleção brasileira de Boxe ficou atrás somente dos times de Cuba, Grã-Bretanha e Comitê Olímpico Russo. O resultado só solidificou o Brasil como protagonista da modalidade nos palcos internacionais.
“Antes o Brasil participava de campeonatos como mero coadjuvante, apenas para fazer número; se não fossemos, pouco importava para a competição. Hoje, em qualquer campeonato que é organizado, os organizadores praticamente exigem nossa presença.”
Mal comemorou os resultados de Tóquio e a CBBoxe já virou a chave tanto para as Olimpíadas de Paris, em 2024, quanto para Los Angeles. De acordo com o presidente da entidade, todo o planejamento já foi traçado e iniciado.
“Já estudamos tudo o que será feito em relação a preparação, treinamento, viagens e tudo mais. Um dos grandes projetos é fazer o Brasil palco de eventos internacionais. Estamos procurando meios para isso. A ideia é adicionar dois ou três eventos anuais em nosso calendário.”
Se engana que a mola propulsora de Marcos Cândido de Brito à frente da CBBoxe seja apenas enriquecer a coleção de medalhas da seleção. Seu projeto vai além: popularizar o Boxe em todo o território brasileiro cada vez mais.
“Nosso próximo passo é ratificar essa simpatia. O Boxe estava sendo pouco prestigiado no Brasil, mas a gente está trabalhando para entrar na rotina dos brasileiros, fazer com que o pessoal corra para assistir nossos heróis, nossos medalhistas, nossa meninada em ação.”
Por fim, Marcos afirma ainda que enxerga o Boxe como uma ferramenta de transformação social, por isso é um entusiasta de projetos sociais voltados ao esporte. Além de campeões, ele vê o ensino da nobre arte como fundamental para criar bons cidadãos.
“A gente quer que esses atletas sejam exemplos. Pode ver que a maioria vem de classes menos favorecidas. O esporte, em especial o Boxe, que é a nossa paixão, incute na cabeça da criançada os princípios da educação, do respeito e da responsabilidade”, destaca.